
O relacionamento que muitas pessoas formam com seus pets não difere de muito outros que mantêm ao longo da vida. Porém, como a expectativa de vida dos animais é menor que a dos seus donos, eventualmente é necessário lidar com a perda deles. Nesse momento é necessário lidar com questões sentimentais e também administrativas. Afinal qual passo dar quando isso ocorre?
Em Campinas, o Cemitério e Crematório de Animais São Francisco de Assis, localizado no bairro Fazenda Santa Cândida, tem sido um opção há mais de 20 anos para quem perdeu um animal de estimação. O local também guarda muitas histórias de amor entre os donos e seus pets.
USHA E GASPAR
Quando sua cachorra Usha faleceu, em janeiro de 2015, a assessora de imprensa Andrea Vargas usou pela primeira vez o serviço de cremação oferecido pelo cemitério. E voltou a usar no ano passado, quando Gaspar, seu dogo argentino, faleceu após uma cirurgia preventiva.

Usha, da raça chow-chow, faleceu com 14 anos em janeiro de 2015. Foto: Arquivo pessoal

Gaspar foi resgatado de maus tratos por Andrea e sua família. Foto: Arquivo pessoal

Pedro e Kely fizeram uma urna especila para Brenda, que fica na sala do casal. Foto: Ericka Araujo
Brenda Lee chegou na vida de Kely muito nova e recebeu todo o cuidado de Kely. "Ela chegou pra mim com 26 dias de vida, tratei dela por 20 dias no conta gotas. Era fraquinha e doentinha. Depois cuidei mais 30 dias na seringa, até que ela aprendeu a alimentar sozinha", explica a assistente administrativa.
Kely e seu marido Pedro, já tinham decidido que Brenda não seria enterrada em nenhum terreno. Eles tinham em mente enterrar no cemitério de animais de Campinas, porém quando a cachorra faleceu acabaram optaando pela cremação, pois Pedro não aceitou a ideia de deixar ela longe deles.
"A urninha dela está conosco na nossa casa onde ela foi e nos fez absolutamente feliz", conta Kely que diz não se importar com as críticas e olhares que recebe.
AMOR AO MEIO AMBIENTE
A cidade de Campinas possui uma lei especifíca que orienta sobre como agir após a perda de um pet. De acordo com a Lei nº 15449/2017 em caso de morte do animal cabe ao dono cuidar da destinação do corpo sem trazer incômodo ou risco à saúde pública. É orientado que seja o responsável encaminhe seu bichino para cemitérios ou crematórios de animais, que sejam licenciados pelos órgãos fiscalizadores competentes.
Essa lei é importante devido ao possível risco de contaminação de doenças que pode ocorrer por descarte incorreto de um animal, já que muitos deles falecem por decorrência de doenças que podem ser transmitidas também ao homem, as chamadas zoonoses. Por isso, é essencial a atenção para os cuidados que devem ser tomados, inclusive para com a saúde pública.
O PROTETOR DOS ANIMAIS
O Cemitério e Crematório de Animais São Francisco de Assis possui um terreno de 5000 m², duas salas para velório, cinco coveiros disponíveis para realizar os serviços de enterros e cremação e dois carros equipados para fazer o translado do animal até o local. O cemitério foi inaugurado em 1996.
Entre os serviços estão o sepultamento na vertical, que custa R$ 490 e, o da cremação individual, que o valor é de R$ 510. "No caso da cremação individual, nós devolvemos as cinzas em uma urna padrão de madeira. A pessoa também pode assistir todo o processo", explica o proprietário do local, Pedro Megda.
A duração da posse do túmulo é de 18 meses, podendo sempre ser renovado pelo mesmo período. O cemitério possui 1,4 mil túmulos no chão e 650 gavetas na vertical.
animais
Por Ericka araújo
Optar pela cremação foi uma escolha de Andrea e de sua família para não relembrar a perda deles. "Eu não gosto de cemitérios com túmulos nem pra pessoas, prefiro os gramados ou a cremação. Então quis o mesmo para eles. Por isso decidimos cremar, porque achamos que manter um túmulo era algo que prolongaria a dor de perdê-los"
Andrea utilizou o serviço de cremação individual para Usha e acompanhou o processo todo. As cinzas foram enterrada no jardim da casa da família. Já quando Gaspar faleceu, Andrea estava grávida de seis meses e, não pode acompanhar o processo de cremação que foi coletiva.
Andrea também conta que optou pela cremação, que tem um custo menor do que a manutenção dos túmulos, para destinar recursos para ajudar algumas entidades. "Achei que esse recurso seria melhor aproveitado pagando por bichinhos vivos", afirma a Andrea.
"A minha anja era toda a minha vida. Foram 17 anos de muito amor", afirma emocionada Kely Barboza. Sua cachorra Brenda Lee faleceu em junho desse ano e foi cremada no cemitério São Francisco de Assis.